O Maranhão de verdade*
Os
brasileiros conhecem a realidade do sistema carcerário nacional.
Rebeliões e violência ocorrem, infelizmente, em vários presídios de
diversos Estados.
São diversas as
causas dos problemas do sistema prisional, alguns dos quais acabam por
agredir de forma dramática a paz e a tranquilidade da família
brasileira. Os Estados, sem exceção, sofrem com um modelo centralizador e
burocrático.
Além
disso, a vinculação de recursos orçamentários restringe a distribuição
equilibrada da receita corrente líquida para atender as demandas
setoriais. Em média, no país, o gasto com pessoal está em torno de 45%
do orçamento; a educação fica com 25%; saúde, com 12%; o pagamento da
dívida, com 13%.
Somados, esses
percentuais alcançam 95% da receita estadual. Sobram apenas 5% para
outras obrigações, como custeio da máquina, segurança pública,
infraestrutura, programas sociais, agricultura etc.
Para
piorar, temos o problema das drogas, que é a principal causa da
violência: para financiar o tráfico e o consumo, mata-se e rouba-se.
O
Maranhão nunca teve tradição de violência. Quando deixei o governo em
2002, éramos o Estado menos violento do país. A expansão do crime
organizado pelo território nacional, apoiado na exploração do tráfico de
drogas, criou conexões entre gangues e grupos criminosos, espalhando
pelo país o padrão de violência que vemos hoje.
Os
indicadores do Maranhão avançam, apesar de todas as dificuldades que
menciono neste artigo. Hoje, somos o 16º PIB brasileiro; em 2011, último
dado do IBGE, o PIB real cresceu 10,3%, enquanto o PIB do Brasil ficou
em 2,7%; fomos o primeiro no Nordeste e o quinto no país; a renda per
capta alcançou R$ 7.852,71.
Na
educação, a média das escolas foi elevada de 478,75, em 2011, para
481,37 em 2012, segundo dados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
de 2012. Com o resultado, o Maranhão subiu três posições no ranking do
Enem.
Estamos executando um dos
maiores programas de saúde no Brasil, com a construção de dez unidades
de pronto atendimento e 72 hospitais. Novas adutoras, redes de
distribuição e estações de tratamento estão sendo implantadas para
aumentar a cobertura da população em saneamento básico.
Na
segurança pública, com recursos próprios, são R$ 131 milhões para
construção de sete novos presídios, recuperação e reaparelhamento do
sistema carcerário, compra de armamento, veículos, detectores de metal,
esteiras de raio-x e estações de rádio. Até o dia 15 de fevereiro, 2.401
novos policiais aumentarão o nosso contingente. Até agora, 418 vagas
foram criadas nos presídios maranhenses. Esse número será duplicado nos
próximos seis meses.
Não aceito e não
compactuo com a violência. O respeito aos direitos humanos e à
integridade física dos cidadãos está acima de tudo. Nenhum órgão de
defesa do cidadão apresentou denúncia de ameaça a familiares de presos.
O
que se passou em Pedrinhas é ato de selvageria e barbárie. Determinei
rigorosa apuração dos fatos e punição exemplar aos responsáveis. A morte
da menina Ana Clara, de seis anos, ficará em nossas lembranças para
sempre.
Somente com a união do
Executivo, Legislativo, Judiciário, Defensoria Pública e Ministério
Público será possível vencer essa dura batalha. Na última quinta-feira,
recebi o ministro da Justiça e representantes dos três Poderes.
Já
iniciamos um grande plano de ação com 11 itens que contemplam medidas
como mutirão das defensorias, transferência de presos e núcleos de
atendimento, além de capacitação do policial. São medidas que
solucionarão o problema carcerário do Estado.
Somos
um Estado de povo trabalhador, que tem orgulho de sua terra e de sua
tradição. Com o nosso esforço e a ajuda de todos, vamos vencer essas
dificuldades.
*ROSEANA SARNEY, 60, socióloga formada pela Universidade de Brasília (UnB), é governadora do Maranhão pelo PMDB
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