O Plenário da Câmara dos
Deputados aprovou nesta terça-feira (5) o texto principal da Proposta de Emenda
à Constituição (PEC) 282/16, do Senado, que veda coligações para eleições
proporcionais e cria uma cláusula de desempenho para o acesso de partidos ao Fundo Partidário e
ao tempo de propaganda em rádio e TV. A proposta, relatada pela deputada
Shéridan (PSDB-RR), teve 384 votos favoráveis e 16 votos contrários, em
votação em primeiro turno.
O presidente interino da Câmara, deputado André Fufuca,
comemorou o avanço de parte da reforma política, depois de semanas de impasse.
“Independentemente do resultado que nós iremos ver ao abrir as urnas, esta Casa
é vencedora. Esta Casa não se furtou a ser pai da sua própria decisão, a ser
pai do seu próprio destino”, disse.
A votação foi realizada depois de um acordo de procedimento
feito entre os líderes dos principais partidos. Pelo acordo, a análise da
proposta só será retomada depois que os deputados decidirem sobre outra PEC da
reforma política: a PEC 77/03, relatada pelo deputado Vicente Candido
(PT-SP), que altera o sistema para eleição de deputados e vereadores e cria um
fundo público para o financiamento das eleições.
A decisão sobre o sistema eleitoral terá prioridade porque
influencia diretamente as regras sobre coligações: por exemplo, se for aprovado
o chamado “distritão”, que seria a eleição pelo sistema majoritário de
deputados e vereadores em 2018 e 2020, o sistema de coligações não afeta a
distribuição das cadeiras. Por outro lado, se as mudanças forem rejeitadas e
ficar mantido o sistema proporcional atual, as regras para as coligações são
determinantes para o resultado.
Calendário de votação
O líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), explicou que a ideia é votar a PEC 77 (sistema eleitoral) em primeiro e segundo turnos na semana que vem e, depois, os destaques à PEC 282 (coligações e cláusula de desempenho).
O líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), explicou que a ideia é votar a PEC 77 (sistema eleitoral) em primeiro e segundo turnos na semana que vem e, depois, os destaques à PEC 282 (coligações e cláusula de desempenho).
Já o líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), ressaltou que o acordo entre
os partidos trata apenas do rito de votação. “O acordo foi feito preservando as
posições políticas de cada partido. Não se fez acordo sobre o mérito, por
exemplo, do sistema eleitoral: são posições bastante antagônicas que vão se
apresentar na próxima terça-feira”, disse.
Qualquer mudança – tanto sobre coligações e desempenho quanto sobre
sistema eleitoral e financiamento de campanhas – depende do aval de 308
deputados em dois turnos, por se tratar de mudança constitucional. E para valer
a partir do ano que vem, é necessário que a proposta seja aprovada pelos
deputados e pelos senadores antes de 7 de outubro deste ano, já que a
Constituição determina que mudanças no processo eleitoral só podem ser
aplicadas depois de um ano da sua publicação.
Texto aprovado
Em termos gerais, a proposta aprovada hoje preserva as prerrogativas dos partidos para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias (governador, prefeito, senador e presidente da República), “vedada a sua celebração nas eleições proporcionais” (deputados e vereadores). A regra vale a partir de 2018.
Em termos gerais, a proposta aprovada hoje preserva as prerrogativas dos partidos para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias (governador, prefeito, senador e presidente da República), “vedada a sua celebração nas eleições proporcionais” (deputados e vereadores). A regra vale a partir de 2018.
Quanto à cláusula de desempenho, haverá uma transição até 2030
quanto ao índice mínimo de votos obtido nas eleições para a Câmara dos
Deputados ou de deputados federais eleitos. Esse índice será exigido para
acesso ao Fundo Partidário e ao horário gratuito de rádio e televisão.
Há, no entanto, destaques para tentar alterar o texto. O PPS,
por exemplo, quer adiar a vedação das coligações para 2020, como previa o texto
original da proposta. Já o PCdoB e o PR apresentaram pedidos para retirar do
texto a expressão “vedada a sua celebração nas eleições proporcionais”,
mantendo o sistema atual. Também há destaques contra a janela para mudança de
partidos, alterações no acesso ao Fundo Partidário, entre outros pontos.
Relatora da proposta, a deputada Shéridan disse que as mudanças
não são a reforma política ideal, mas uma reforma que vai ajudar a corrigir
distorções do sistema político atual.
“É importante que a sociedade traduza os seus votos vendo seu
candidato eleito e não essa conta absurda [do quociente eleitoral de
coligações] que, muitas vezes, elege quem nem tem voto para estar onde está. E
ninguém está sendo tolhido na cláusula de desempenho proposta. É apenas exigir
um mínimo de representação nacional para distribuir esses recursos do Fundo
Partidário e do tempo de rádio e de televisão. É racionalizar”, defendeu.
Polêmicas
A discussão sobre a proposta de vedação às coligações nas eleições proporcionais e regras de desempenho para acesso ao tempo de rádio de televisão, no entanto, evidenciou as discordâncias sobre o texto. Embora os deputados que discursaram em Plenário tenham ressaltado a necessidade de diminuir a fragmentação partidária e enxugar a quantidade de partidos, não houve acordo sobre a fórmula ideal.
A discussão sobre a proposta de vedação às coligações nas eleições proporcionais e regras de desempenho para acesso ao tempo de rádio de televisão, no entanto, evidenciou as discordâncias sobre o texto. Embora os deputados que discursaram em Plenário tenham ressaltado a necessidade de diminuir a fragmentação partidária e enxugar a quantidade de partidos, não houve acordo sobre a fórmula ideal.
Para o líder do Psol, deputado Glauber Braga (RJ), é possível
acabar com as chamadas “legendas de aluguel” sem prejudicar pequenos partidos
ideológicos com a cláusula de desempenho proposta. “Se tem partido pequeno não
ideológico que se vende é porque tem partido grande que compra. Nós defendemos
partidos programáticos e ideológicos, que sejam escolhidos por aquilo que eles
representam”, disse.
Essa cláusula, no entanto, é defendida pelo deputado Betinho
Gomes (PSDB-PE). “Está aqui a oportunidade de dar o primeiro passo para ajustar
o sistema político brasileiro que estimula o surgimento de partidos que, muitas
vezes, não têm nada a dizer à sociedade, mas existem apenas para negociar apoio
político em troca de tempo de TV e para ter acesso a recurso público do Fundo
Partidário”, afirmou.
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) avaliou que, acabadas as
coligações, os bons políticos continuarão tendo lugar nos partidos que
restarem. A medida, segundo ele, também vai frear a proliferação de partidos.
“Aprovado o fim das coligações, dos 40 partidos atuais, 20 morrerão na hora, de
morte súbita. Outros 10 vão para a UTI. E, na hora que acabar esse número
enorme de partidos que temos, os políticos vão achar o seu lugar”, disse.
CONTINUA:
ÍNTEGRA DA PROPOSTA:
PEC-282/2016Reportagem – Carol Siqueira
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