O evento chega na Ilha de São Luís para fomentar a discussão de ações sustentáveis, de proteção e valorização do patrimônio arquitetônico local, brasileiro e internacional, por meio de práticas exitosas, com a mobilização de recursos no campo da arquitetura em integração ao patrimônio cultural, com suas misturas e identidades permeando diálogos com as comunidades técnica, científica, institucional. Além dos especialistas, o evento traz um alerta ao público em geral, sobre a responsabilidade e a missão do cidadão em proteger e divulgar as riquezas da Cidade dos Azulejos, como também é conhecida a capital maranhense.
Ao dialogar com a arquitetura brasileira e portuguesa no contexto da paisagem urbana, em simbiose com a geografia local, São Luís é protótipo e inspiração para o reconhecimento da diversidade como vetor imprescindível para a discussão do patrimônio cultural em meio às “transitoriedades” na contemporaneidade, buscando ações efetivas de recuperação e permanência de identidades locais. Esse é um dos pontos relevantes da iniciativa de realização do FIPA, enquanto condição de entendimento da importância cultural e histórica do patrimônio material e imaterial, sua conservação e utilização por parte da sociedade – no Brasil, em Portugal e ao redor do globo.
A ação é articulada pela Prefeitura de São Luís, por meio da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (FUMPH). A arquitetura e o patrimônio cultural da cidade foram decisivos para receber o FIPA deste ano. O histórico multicultural e arquitetônico da Cidade dos Azulejos representa a integração das ações de preservação patrimonial enquanto permanência de memória e da identidade de diversos povos, como os laços erguidos entre Brasil e Portugal.
“A iniciativa da candidatura da cidade de São Luís para sediar o Fórum se deu em razão de termos um centro histórico que é patrimônio mundial. A ideia era justamente trazer para São Luís um evento dessa magnitude, que vai reunir as melhores cabeças do mundo acadêmico, técnico e profissional dentro dessa temática. Dito isso, fizemos um filme, apresentamos a candidatura e foi aprovado no 8º FIPA, que ocorreu em Portugal em 2022. Agora é colocar em prática essas discussões que acrescentarão muito para o desenvolvimento do nosso patrimônio”, pontuou a historiadora e presidente da instituição, Kátia Bogéa.
Programação diversificada
A abertura da 9ª edição do FIPA acontecerá no Teatro da Cidade, no dia 14 de junho, com a presença do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, seguida da palestra magna do Presidente do Conselho Diretivo Nacional da Ordem dos Arquitetos, o Arquiteto Português, Gonçalo Byrne, que jogará luz na temática “Vulnerabilidade e Resiliência do Patrimônio Arquitetônico Construído no Brasil”. Além das referidas autoridades, uma lista de renomados pesquisadores nacionais e internacionais, que enchem de orgulho a quem protege o patrimônio mundial, marcará presença no 9º FIPA.
Estarão presentes nesta corrente em defesa dos bens históricos, arquitetônicos e culturais, nomes como o da arquiteta urbanista e coordenadora Geral do FIPA Brasil, Maria Rita Amoroso; do engenheiro e professor catedrático da Universidade de Aveiro e coordenador-geral do FIPA Portugal, Aníbal Costa; do presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA) e arquiteto, Jose Luís Cortés; da presidente do Conselho de Arquitetura do Brasil (CAU-BR) e arquiteta, Nádia Somekh; do vice-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Rafael Passos; do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Leandro Grass; do diretor-geral da Direção Geral de Patrimônio Cultural de Portugal e arquiteto João Carlos; do reitor da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Walter Canalles; do coordenador cultural da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Rui Lourido; do arquiteto e presidente do Conselho Internacional Arquitetura Língua Portuguesa (CIALP), Rui Leão; do diretor da Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial (OCBPM), Mário Augusto Ribas Nascimento; do arquiteto e doutor Honoris Causa pela Faculdade de Arquitectura da UTL e pela Universidade de Alghero, Gonçalo Byrne; e da presidente da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (FUMPH), Kátia Bogéa.
Quatro universidades maranhenses, também fazem parte da organização do FIPA 2023, entre elas, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Universidade Dom Bosco (UNDB) e Universidade Ceuma (Uniceuma).
O FIPA Brasil será realizado com uma programação diversificada, entre oficinas técnicas, palestras, minicursos e atrações culturais. A ação acontecerá no âmbito de conservação e salvaguarda, boas práticas para uma cidade sustentável, povos que se unem e diálogos em torno da arquitetura.
Além do Teatro da Cidade, a maior parte da programação do FIPA 2023 será realizado na Faculdade de Arquitetura da UEMA. A presidente da FUMPH, Kátia Bogéa, fala da importância em garantir a realização do evento no centro histórico. “Não faria sentido discutir patrimônio arquitetônico fora dele, por isso pensamos e executamos o projeto para esse ponto, dentro da Faculdade de Arquitetura”, comentou.
Urbanismos de Influência Portuguesa / Cartografias Urbanas do Maranhão
Às 19h do dia 14, no encerramento do primeiro dia de ações, o Centro Cultural Vale e Instituto Cultural Vale, parceiros do FIPA, patrocinaram a montagem de duas exposições. A primeira vinda de Portugal, intitulada “Urbanismos de Influência Portuguesa”, sintetiza os resultados de um projeto de investigação elaborado entre 2005 e 2008 na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, que apresenta a evolução conceitual e metodológica da prática urbanística portuguesa num período significativo do século XX, por meio do estudo das influências que se estabeleceram entre Portugal e as antigas colônias na África. A curadoria é de Maria Manuela da Fonte e Sérgio Padrão Fernandes. A segunda exposição, “Cartografias Urbanas do Maranhão” – é uma linha do tempo demonstrada por meio de mapas do estado em diferentes épocas, do século XV ao XX, desde o conhecimento do novo território através de rios e mares, aldeias indígenas e bancos de areia, passando pelo traçado da vila idealizada por portugueses e finalizando com o processo de expansão urbana da cidade. Os participantes poderão realizar um passeio pelos mapas sobre urbanismo. A exposição tem curadoria de Grete Pflueger, arquiteta, doutora em urbanismo (UFRJ), mestre em Desenvolvimento urbano (UFPE), professora associada do curso de Arquitetura e Urbanismo e Programa de Mestrado em Desenvolvimento socioespacial e Regional da UEMA e curadora da exposição ao lado de Rosilan Garrido, artista visual e doutora em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Lisboa, mestre em Artes (USP) e professora adjunta de Arquitetura e Urbanismo da UEMA.
As exposições ficaram por dois meses em São Luís, tendo como objetivo compreender as nossas cidades e os modelos que influenciaram o seu desenvolvimento. Trata-se de mostra de alguns dos Planos de Urbanização que foram elaborados entre 1934 (data do 1º Decreto‑Lei português a definir as regras destes planos) e 1974 (data a partir da qual ocorreu a independência das colônias), para as cidades de África e da Ásia que se encontravam sob administração colonial portuguesa. Esses planos foram recolhidos e estudados no âmbito de um projeto de investigação da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa.
A abertura das exposições contará com a presença do diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto, e do diretor e coordenador artístico do Centro Cultural Vale Maranhão, Gabriel Gutierrez.
Panorâmica Patrimônio Mundial – São Luís
Dentro da programação do 9º FIPA, os participantes também presenciarão a abertura da exposição “Panorâmica Patrimônio Mundial – São Luís”, com uma estrutura inflável gigante que tomará conta da Praça Nauro Machado, no centro histórico. A exposição é um verdadeiro centro de interpretação itinerante em praça pública, comemorando os 25 anos do título de Patrimônio Cultural Mundial de São Luís pela Unesco. Ela ficará em cartaz por um mês no local e depois também passa por São José de Ribamar, em seguida para o bairro mais populoso de São Luís, a Cidade Operária e no Itaqui-Bacanga.
A ação contemplará recursos audiovisuais, jogos e projeções mapeadas, convidando o público para um passeio imersivo e inovador pelas características excepcionais do centro histórico da cidade. “Esse é mais um trabalho primoroso para sensibilizar a população sobre a importância do Patrimônio Histórico de São Luís. Temos um patrimônio mundial e são poucos no mundo com esse privilégio, mas muitas vezes a população não se dá conta”, analisou a presidente da FUMPH, Kátia Bogéa.
80 anos de Mestre Zé Olhinho amo do Boi de Santa Fé
O FIPA será realizado no período das comemorações do São João, momento em que a cidade de São Luís vive o ápice da manifestação do Complexo Cultural do Bumba-meu-boi do Maranhão, reconhecido pela Unesco como Patrimônio da Humanidade desde 2019. Para celebrar o encerramento das atividades do 9º FIPA, a Prefeitura de São Luís, por meio da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico e da Secretaria Municipal de Cultura, prestarão uma homenagem aos 80 anos de vida do mestre José de Jesus Figueiredo, mais conhecido como Zé Olhinho, amo do boi de Santa Fé.
O cantador, que ganhou o apelido por causa dos olhos pequenos, está comemorando 80 anos de idade e 62 anos de cantoria. Ele começou a brincar bumba meu boi com seu pai aos sete anos e, aos 12, já puxava toadas quando ainda morava na cidade de São Vicente de Férrer. A homenagem será realizada no arraial da cidade na Praça Maria Aragão, no dia 16 de junho, às 22h.
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